A Cerâmica Artesanal em: Dicas e Truques

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Para produzir peças cerâmicas artesanalmente, podem ser usadas argilas sem tratamento, como são encontradas na natureza ou argilas já tratadas, sendo limpas e prontas para o uso. No caso de se optar pela primeira opção, que é a mais barata, essa argila “bruta” deverá ser tratada manualmente.

O processo se dá da seguinte forma: primeiro todas as impurezas como pedacinhos de raiz e pedrinhas deverão ser removidas da argila. Após a limpeza, a argila deverá ser enrolada em um tecido qualquer e arremessada diversas vezes no chão, o que fará com que o material fique mais compactado e sem bolhas de ar. A realização destas duas etapas antes de começar a moldar o produto é essencial, uma vez que tanto impurezas como bolhas de ar podem fazer com que a peça quebre ou até exploda quando levada ao forno. Feito isso, pode-se começar a produzir o objeto desejado, que em seguida será levado ao forno para se transformar em cerâmica.

Após esta etapa, só resta escolher o tratamento de superfície que se deseja aplicar, sendo que o mais comum é o vidrato, uma tinta líquida que após ser depositada na cerâmica (sempre deve ser aplicada molhando o pincel e apertando-o contra a peça, nunca com movimentos para cima e para baixo ou para os lados) vira uma camada de pó fino, que após passar por uma segunda queima, funde e forma uma camada vítrea impermeável. Não se deve esquecer que para peças que serão usadas com alimentos é importante verificar se a tinta é livre de chumbo, ou utilizar o vidrato transparente nas partes onde haverá o contato entre objeto e alimento, já que este não contém chumbo na composição. Também vale lembrar que se poucas camadas do vidrato forem aplicadas, o resultado obtido poderá ser translúcido, aparecendo o fundo de cerâmica, e que o vidrato, por fundir-se durante a queima, pode vir a escorrer dependendo do formato da peça. Se desejar que alguma área da peça continue na cerâmica pura e que o vidrato não invada esta área, deve-se passar um lápis macio no limite da forma, para que o grafite se acumule na cerâmica, o que formará uma barreira contra o extravasamento da tinta.

Outros acabamentos também podem ser aplicados na cerâmica artesanal, como a colagem de papéis e fibras naturais, incrustramento de outros materiais antes da queima, pintura à nanquim, entre várias outras experimentações que podem ser realizadas. Confira fotos destes tipos inusitados de acabamentos em cerâmica à seguir:




... de cerâmica.

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Não conhecia o potencial da cerâmica para dar formas a objetos complexos e com uma estruturação tão fina. Claro que esses tipos de objetos não atingem ao gosto geral, porém a complexidade da forma quase que propõem uma reflexão sobre a resistência e novas utilidades para a cerâmica.

Cesto de porcelana.

Cesta de cama, também de porcelana


Castiçal, esse é de cerâmica.
Vale observar que esses produtos são para uma classe mais "refinada" e rica. O que corrobora com a tese é a forma exagerada, mas também a utilização de pigmento dourado.


Açucareiro de porcelana - São peças delicadas e com infinitos detalhes.
Fica a pergunta.. Para que uma peça cerâmica branca, lisa que sinestesicamente nos remete à limpeza, se tem tanto detalhes e acumula sujeita entre os detalhes? (professora, sou prolixo, mas tente pegar o âmago da coisa! :D)



...de bolo - Cerâmica
Bonito, charmoso, mas até quando fica limpo?

Chaleira - Porcelana
Reparem que a porcelana é sempre mais branca e possibilita maiores detalhes.




Açucareiro - Porcelana
Por que rosas? Consegue imaginar isso na casa da sua avó? Aquela toalha bordada branca que machuca o cotovelo e tem desenhos de que? Será de rosas, vai por mim.
Tem até panelinha de cerâmica.
Existe pegador de panela de cerâmica? Seria tão inteligente.

Fontes:
kevinstore.com.br
parana-online.com.br/
designbrasil.org.br

Jardim da Quinta dos Azulejos

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Continuando no tema do post abaixo, acredito que é interessante falar sobre um lugar em Lisboa-Portugal em que se percebe a exuberância dos azulejos pombalinos. Chamado de Jardim da Quinta dos Azulejos, ele não sofreu muitas mudanças ao longo do tempo e é um exemplo de um jardim bem típico do século XVIII. A concepção arquitetônica do lugar é deslumbrante, além do aspecto decorativo ali representado. Os azulejos que decoram o jardim possuem grande influência do Rococó, um estilo artístico-arquitetônico que teve início na França na "época das luzes". O jardim da Quinta dos Azulejos é cercado por altos muros que o fecham entre si; as formas mais comuns representadas nos azulejos são de concheados irregulares, formas tais que são típicas do Rococó. Os azulejos que adornam o jardim aparecem como uma fina película brilhante que reveste todo espaço e, desse modo, desmonta-se em barras, medalhões, molduras, colunas, vasos, capitéis e painéis. A vegetação também é uma característica que harmoniza-se muito bem com toda decoração do jardim.
Ainda falando dos azulejos, é possível perceber que neles estão representadas cenas bucólicas, assuntos religiosos e até mesmo cópias de gravuras do norte da Europa (provenientes da Holanda); o esmalte que os cobre é de altíssima qualidade, o qual era feito na fábrica do Rato.

P.S: à guisa de conhecimento, a Quinta dos Azulejos serviu de residência à D. Maria I.













Cerâmica de Revestimento

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Azulejos Pombalinos

A cerâmica de revestimento é uma mistura de argila e outras matérias-primas inorgânicas, queimadas em altas temperaturas, utilizada em larga escala pela arquitetura. O uso teve início com as civilizações do Oriente e na Ásia .
Na arquitetura européia, a cerâmica de revestimento se fez presente desde que os primeiros edifícios de tijolo ou pedra foram erguidos. O seu uso na arquitetura foi dirigido tanto a um apelo decorativo, quanto prático. O azulejo torna as residências mais frescas e reduz os custos de conservação e manutenção, já que é refratário à ação do sol e impede a corrosão das paredes pela umidade.

A partir de 1745, os azulejos refletiram as mudanças de gosto na sociedade portuguesa, utilizando-se das formas do rococó, orgânicas e assimétricas, com folhagens como molduras nos painéis de azulejo. Primeiramente os azulejos era pintados com azul-forte que contrasta com o azul claro da imagem central, depois, em diálogo com as cenas centrais, utiliza-se apenas o azul ou roxo.

Para serviço de uma sociedade de corte, executaram composições de ornatos, mantendo-se paineis figurativos religiosos para igrejas, conventos e capelas. Desenvolveu-se uma imensa produção de cenas profanas, galantes, bucólicas e chinoiseries, baseadas em gravuras de Watteau e de Pillement. Representações de pessoas à escala natural, colocadas em escadarias e acessos aos edifícios, que davam as boas-vindas ou guardavam o lugar, indicando também o percurso ao visitante.

O terremoto que abalou Lisboa em 1755 exigiu um imenso esforço para a reconstrução rápida e qualificada da cidade, feita por Marquês de Pombal, primeiro ministro de D. José I (1714-1777).
A reconstrução da capital contribuiu para o retomar da tradição de fabricação de azulejo de padrão, praticamente esquecido durante a primeira metade do século XVIII.
Para decoração dos novos espaços habitacionais era necessário encontrar uma solução eficaz e de baixo custo, razão pela qual se concebeu uma enorme série de padrões, conhecidos como pombalinos.

As composições dos azulejos foram produzidas em enorme quantidade e aplicadas nos novos palácios e edifícios em Lisboa então reconstruída, cobrindo as zonas mais baixas das paredes interiores, enquanto na parte superior eram geralmente decoradas com frescos.
A memória do terremoto levou também à grande produção de registos com imagens de santos que, colocados nas fachadas dos edifícios, propiciavam a proteção divina.







Pinus Elliotti

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Há alguns anos atrás, o pinus era conhecido como madeira de má qualidade. Porém, com o avanço da tecnologia de secagem e maturação da árvore alguns aspectos conhecidos foram transformados. Primeiramente, com a aprendizagem de maturação, a quantidade de "nós" foi reduzido. Isso gerou facilidade de usinagem, aproveitamento e homogeneidade superficial e físico. Outro aspecto negativo do Pinus que foi superado é a densidade (em média 340g/m³), consequentemente, temos uma madeira mole e superficialmente frágil. Com novos processos o pinus possui a mesma densidade, mas o tratamento tornou a madeira mais versátil.
Inegável que avanços tecnológicos físicos elevaram a matéria-prima, porém novas maneiras de acabamento deixam qualquer madeira com qualquer cor. Acabamento brilhante, branco, tabaco, qualquer cor é possível agora. E não se engane, não é laminação.



Estante de pinus com verniz branco. Parece artesanal, não?



Foto de uma mesa de centro. Cara de tabaco e alma de pinus.

Fonte das fotos: http://www.tokstok.com.br/app?page=PaginaSimplesMenu&service=page&ps=41,50958,50962
Leia, tem outros pontos interessantes sobre o pinus.




Laqueado

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A laqueação é uma técnica de restauração e acabamento de móveis, que podem ser brilhantes, acetinadas (semi-brilho) e fosco. O laqueado não é apenas uma pintura normal. Antes de ser aplicado à tinta (laqueação) existe todo um processo de acabamento anterior (aplicação de massa para móveis, fundo preparatorio, lixamento completo) a fim de deixar a madeira sem nenhuma imperfeição como buracos e riscos profundos. Feita com pistola de ar que pulveriza a tinta, seu acabamento é liso, sem falhas, sem manchas e por igual.

O processo para laqueação é:
1 - aplicação de massa corrida acrílica;
2 - lixamento da superfície com lixa grana 220/280;
3 - aplicação de uma demão de fundo primer;
4 - depois de seco lixar com lixa grana 320;
5 - Aplicar outra demão de fundo primer;
6 - lixar com grana 360/400;
7 - aplicar a laca
8 - polimento.



Estante com acabamento laqueado colorido



Espelho produzido pela loja Tok&Stok com acabamento laqueado



Móvel amarelo feito com acabamento laqueado

Pirogravura

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A pirogravua, arte que consiste na gravação de uma imagem com o fogo sobre madeira, é, até os dias de hoje, muito utilizada na decoração de objetos diversos. Tal gravação ou desenho é feita com uma ponta de metal incandescente, cuja temperatura e tempo de queima dão pssibilidade de se obter vários tons, efeitos de envelhecimento, sombras e texturas. Atualmente já existe um aparelho apropriado para fazer esta arte, o pirógrafo; ele é ligado à eletricidade e possui pontas de metais diferentes. Estas pontas de metais diferenciadas permitirão que se realizem trabalhos variados de gravura. A escolha da ponta do metal que irá ser utilizado é determinado a partir do desenho que será gravado sobre a superfície. Antigamente, usava-se ferro em brasa ou algum outro instrumento aquecido para fazer pirogravuras, as quais geralmente estavam ligadas a um simbolismo místico, pertencentes a rituais mágicos.

Quanto mais macio for o material trabalhado, mais se exige habilidade para que não se produza uma marca muito funda na peça. A pirogravura foi utilizada milenarmente por muitos povos para gravação sobre flechas, madeira, contas de ossos e outros utensílios. Hodiernamente, com a expansão do artesanato
, a pirogravura tem sido largamente utilizada na gravação de caixas de madeira, painéis feitos em couro, sandálias de couro, quadros feitos em madeira e até mesmo em portas residenciais.

A pirogravura é encontrada na
decoração dos mais diversos objetos.
É uma arte que requer mão
s firmes e paciência, porém a aplicação da pirogravura numa peça não é muito difícil, podendo fazer o desenho a mão livre (sem uma base de desenho), ou passar antes o desenho para peça com papel carbono; então, inicia-se o processo da gravação da peça.



Pirogravura de um Abutre
, Pierre Larribau














Piróg
rafo














Passo a passo de uma pirogravura










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O embutimento de materiais distintos sobre uma superfície de madeira é muito antigo, anterior ao povo egípcio, que já utilizava ferramentas rústicas de cobre para embutir pedras preciosas em sarcófagos, baús, etc. Já o embutimento de chapas de madeira sobre a própria madeira, processo chamado de marchetaria, só passou a ser mais difundido a partir do século XVI, por meio de André-Charles Boulle, que era reconhecido por seu minucioso trabalho de marchetaria, chegando a se tornar mestre de ebanisteria (marcenaria fina), desenhando e confeccionando todo o mobiliário da corte do rei Luis XIV.

Atualmente usam-se vários tipos de lâminas para realizar um trabalho de marchetaria, podendo ser de madeira (natural, natural tingida ou madeira processada) ou até de outros materiais, contanto que tenham a espessura reduzida e possam ser cortados com a serra de marchetaria. A técnica mais comumente usada é a Tarsia a Incastro, na qual se sobrepõe duas lâminas de madeira, a que servirá como fundo e a que será usada para representar a forma que se esteja fazendo. Essas duas lâminas serão cortadas simultaneamente, gerando a forma e a contraforma, que serão encaixadas como em um quebra cabeça.

Os desenhos se destacam do fundo por diferenças de matiz, contraste, direcionamento dos veios, entre outras diferenças entre as lâminas usadas.